Introdução
Como professores, enfrentamos constantemente o desafio da indisciplina em sala de aula. Essa é uma realidade presente em escolas públicas e privadas, independente do contexto.
Muitas vezes, nos sentimos sobrecarregados e sem saber como reagir diante de comportamentos desafiadores por parte dos alunos. No entanto, é fundamental que desenvolvamos estratégias para lidar com a indisciplina que sejam eficazes, pois essa situação pode prejudicar seriamente o processo de ensino-aprendizagem.
Neste artigo, vamos explorar três dicas importantes compartilhadas pela professora Anelise em seu vídeo “Evite erros comuns: indisciplina em sala de aula, três dicas importantes!“. Ela nos apresenta abordagens práticas e embasadas pedagogicamente para enfrentar os comportamentos desafiadores dos alunos, tanto em situações pontuais quanto em problemas crônicos.
Vamos mergulhar nessas estratégias e entender como podemos aplicá-las em nosso dia a dia em sala de aula.
Não alimente a fogueira
A primeira dica da professora Anelise é a de “não colocar lenha na fogueira” quando nos deparamos com situações de indisciplina. Isso significa que, ao invés de reagir de forma impulsiva e entrar em confronto direto com os alunos, devemos manter a calma e nos posicionar de maneira assertiva.

Muitas vezes, quando estamos cansados, estressados ou sobrecarregados, nossa tendência é de responder de forma emocional às provocações dos alunos. Isso pode transformar a situação em um “grande espetáculo”, com ambas as partes se envolvendo em uma disputa que prejudica o ambiente da sala de aula.
Em vez disso, a professora Anelise sugere que explicitemos o problema de forma clara e objetiva, estabelecendo nossos limites pessoais. Podemos, por exemplo, dizer ao aluno que determinado comportamento não será aceito e que esperamos que ele se comporte de maneira mais adequada. Dessa forma, evitamos entrar em uma briga verbal e mantemos o foco no que é realmente importante: o aprendizado dos alunos.
Além disso, a professora Anelise recomenda que, em um momento mais oportuno, conversemos individualmente com o aluno. Nessa conversa, podemos entender os motivos que levaram ao comportamento inadequado e explicar por que aquela atitude foi problemática. Essa abordagem de diálogo e compreensão mútua é fundamental para construir um vínculo de respeito e confiança com os alunos.
Estabeleça uma rotina
A segunda estratégia sugerida pela professora Anelise é a de estabelecer uma rotina dentro da sala de aula. Ela ressalta que não se trata de engessarmos completamente a aula, mas de criar uma sequência de atividades e momentos que ajudem a organizar o ambiente e a mente dos alunos.
Essa rotina pode incluir, por exemplo:
- Um momento de acolhimento no início da aula, em que os alunos são recebidos e têm a oportunidade de se acalmar e se preparar para o trabalho.
- Uma breve revisão do conteúdo da aula anterior, para retomar os principais pontos.
- A apresentação do plano de aula, para que os alunos tenham uma noção do que será abordado.
- Momentos de atividade individual ou em grupo, intercalados com explicações e discussões.
- Um fechamento da aula, com uma síntese dos principais aprendizados e uma transição suave para o próximo período.
Essa estruturação da aula traz diversos benefícios. Primeiro, ela ajuda a criar um ambiente mais previsível e seguro para os alunos, o que é essencial para adolescentes e crianças. Eles sabem o que esperar e se sentem mais confortáveis em participar.
Além disso, a rotina permite que você, como professor, organize melhor o seu trabalho e mantenha o foco durante a aula. Você não precisa ficar se preocupando com o que vem a seguir, pois já tem tudo planejado.
É importante ressaltar que a rotina deve ser adaptada de acordo com o perfil da sua turma e os recursos disponíveis em sua escola. O que funciona em uma sala pode não ser tão eficaz em outra. Portanto, é necessário experimentar, avaliar e ajustar a rotina conforme as necessidades de seus alunos.

Crie vínculos com os alunos
A terceira e última estratégia apresentada pela professora Anelise é a de criar vínculos com os alunos. Ela enfatiza que a educação transformadora e efetiva só é possível quando há um afeto mútuo entre professores e estudantes.
Muitas vezes, as “piores turmas” da escola são aquelas que recebem menos atenção e cuidado dos professores e gestores. Isso acontece porque, diante de comportamentos desafiadores, a tendência é de nos distanciarmos e nos fecharmos em uma postura defensiva.
No entanto, a professora Anelise nos convida a fazer o movimento inverso. Ela sugere que busquemos conhecer melhor os alunos, entendendo suas configurações familiares, seus desafios do dia a dia, seus gostos pessoais e suas formas de ver o mundo. Essa aproximação permite que eles se sintam vistos, respeitados e, consequentemente, mais dispostos a nos respeitar também.
Claro, é importante estabelecer limites e não transformar os alunos em nossos amigos ou conselheiros. Mas essa troca de informações e a construção de um vínculo afetivo podem abrir caminhos para que os alunos canalizem sua energia de forma mais positiva, questionando e debatendo ideias, em vez de apenas provocando e testando os limites.
Além disso, quando os alunos se sentem valorizados e respeitados, eles tendem a se engajar mais nas atividades propostas e a apresentar menos comportamentos disruptivos. Afinal, nós tendemos a tratar os outros da forma como eles nos tratam.
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Aplicando as estratégias em sala de aula
Agora que conhecemos as três dicas da professora Anelise, vamos refletir sobre como podemos aplicá-las em nossa prática docente.
Primeiro, é importante estarmos atentos a nossas próprias emoções e reações. Quando nos deparamos com uma situação de indisciplina, é natural sentirmos irritação, cansaço ou até mesmo raiva. No entanto, é fundamental que consigamos manter a calma e nos posicionar de forma assertiva, sem entrar em confronto direto com os alunos. Lembre-se: não alimente a fogueira!
Em seguida, dedique-se a estruturar uma rotina eficaz para suas aulas. Experimente diferentes sequências de atividades e observe quais delas funcionam melhor para sua turma. Não tenha medo de ajustar a rotina conforme necessário, pois o objetivo é criar um ambiente organizado e previsível, que ajude os alunos a se sentirem seguros e engajados.

Por fim, invista tempo e esforço em construir vínculos com seus alunos. Converse com eles, mostre-se interessado em suas vidas e em suas perspectivas. Essa aproximação não significa se tornar amigo ou conselheiro, mas sim demonstrar que você os vê como seres humanos, com suas próprias histórias e desafios. Quando os alunos se sentem respeitados e valorizados, eles tendem a retribuir esse sentimento.
Vale ressaltar que a aplicação dessas estratégias é um processo contínuo e que requer paciência e persistência. Não espere resultados imediatos, pois a construção de um ambiente disciplinado e engajado é uma jornada que leva tempo. Mantenha-se firme em seus princípios e acredite no potencial transformador da educação.
Conclusão
Lidar com a indisciplina em sala de aula é um desafio constante para nós, professores. No entanto, as estratégias compartilhadas pela professora Anelise nos mostram que é possível enfrentar essa realidade de forma assertiva e transformadora.
Ao não alimentarmos a fogueira, estabelecermos uma rotina estruturada e criarmos vínculos com nossos alunos, estamos construindo um ambiente de aprendizagem mais seguro, engajado e propício ao desenvolvimento integral de nossos estudantes.
Juntos, podemos transformar a realidade da indisciplina em sala de aula, construindo uma educação mais justa, engajada e significativa para nossos alunos. Boa sorte em sua jornada docente!